
Oya Baydar nasceu em Istambul, Turquia, em 1940. O primeiro romance que escreveu, ao terminar o colégio, foi publicado apresentando-a como “a Françoise Sagan” da Turquia. É Doutora em Sociologia pela Universidade de Istambul, onde lecionou durante muitos anos. Nos anos 1960, deixou a academia para dedicar-se a atividades políticas, sendo uma das fundadoras do Partido Trabalhista Turco.
Foi presa em razão de sua militância e, após sua libertação, trabalhou como colunista em jornais. Teve que deixar a Turquia após o golpe de estado de setembro de 1980. Viveu o exílio na Alemanha até 1992, onde testemunhou o colapso do sistema socialista. Ao retornar a seu país, Baydar recomeçou a escrever romances. Desde então, publicou vários livros e recebeu muitos prêmios importantes, como o “Orhan Kemal”. Seus livros foram traduzidos para muitos idiomas, inclusive o português – Palavra perdida, Sá Editora – em 2011. Atualmente é considerada uma das principais vozes da literatura turca. Um portal para Istambul ganhou o “Prêmio de Literatura Cevdet Kudret”.Oya Baydar mora em Istambul, passando temporadas em uma ilha no Mar de Mármara. Publicamos PALAVRA PERDIDA em 2013.

Oya Baydar, a escritora apaixonada pelos gatos que povoam Istambul, sempre os introduz em sua ficção.
O livro conta a história de várias personagens que incorporam uma fronteira entre a identidade pessoal e coletiva. Na Turquia, país que vive, geográfica e culturalmente, o limite entre a Europa e a Ásia, o século passado foi o cenário de uma altíssima tensão geopolítica. Socióloga, jornalista e membra do Partido dos Trabalhadores da Turquia, Baydar foi alguém que testemunhou e teve participação nesse ambiente histórico acirrado, marcado, entre outras coisas, por sucessivos golpes militares.
A meu ver, porém, a grande virtude do livro não é a descrição desse contexto histórico da Turquia (pouquíssimo conhecido por nós, “ocidentais”), e sim a delicadeza com a qual a autora mistura, na vida das personagens, a luta de classes do século XX à densidade mística de Istambul, cidade que guarda a marca humana de milênios de opulência religiosa e aventuras seculares. E tudo isso se move diante do leitor com muita segurança narrativa.
Para mim, foi um prazer traduzir esse livro, e por isso convido todo mundo a desfrutar dessa leitura. Gilberto Clementino Neto, tradutor.